segunda-feira, 27 de maio de 2013

Politicidade..


"pisada embriagada.." (Foto: Bernardo Ramos)


Sou politizado. Não dono de verdades, mas ciente da minha politização..
E isso se deve a minha, feliz, influência, principalmente, paterna..

Lembro-me de noites em que nem teria idade para estar acordado, mas escondido pela casa, ouvia meu pai discutindo política com seus pares.. enquanto minha mãe, além de discutir, ouvia (sentia) a mim.. e me pedia para dormir.. por vezes ia.. em outras só fingia, e lá voltava..

Também lembro-me, já mais crescido, discutindo com meu pai sobre a importância do voto.. que para ele, como para mim, seria um dos grandes atos da democracia.. e por isso, pra ele, seria uma falta de responsabilidade cívica caso alguém se isentasse neste momento..

Por aí, não acho necessário aprofundar a respeito da movimentação que vivenciei em minha própria família para que encarasse essa minha politização..

Apenas mais um ensinamento vindo dele, meu pai, que sempre nos questionava sobre a repulsa pela política, com uma 'simples' questão, mais ou menos, assim: "E a disputa política diária, corriqueira e cotidiana, ao encarar cada conversa ou manifestação coletiva como uma disputa de forças, em que de alguma forma nos posicionaríamos a respeito de algo?"

Diante de tudo isso, cresci e me formei.. gostando, muito, de política..
De política.. não da política..

Não vejo porque seja um tabu assumir uma posição ideológica, mesmo cívica..
E assim não acho tão difícil escrever sobre o que gostaria, que foi minha opção pela isenção..
Não pelo desprendimento moral ou desinteresse; ainda menos, pela vontade de me eximir de uma responsabilidade ou do cumprimento de uma obrigação, encargo ou ônus..
Mas pela esquivança em amor.. pelo desdém e desprezo da política..

Não de política.. mas da política, que pra mim seria (aliás, deveria ser) diferente..

Como já deixei entender em outra postagem, resido, atualmente, em Caxias do Sul..
Mas cumpro com minhas 'funções cívicas', como gostaria de falar meu pai..
Algumas, como a do voto, ainda em minha cidade natal..
E por conta de responsabilidades pessoais da época..
Não votei no primeiro turno passado..

O que não me isentava de discutir a respeito do processo e movimentação por qual passávamos..
 


"atuação positiva"



Na época, além das discussões presenciais, participava de um grupo de discussão virtual..
No caso, discutindo a candidatura de Marina, mas, principalmente, uma nova política..
E é dessas minhas participações, que extraio boa parte do que agora vou (re)escrever..

No segundo turno, eu me isentei.. anulando meu voto..
E achava, eu, humilde mas não solitariamente, que a Marina, deveria também..
Ao menos publicamente.. por antes ter se posicionado como fez..
E que poderia ser o momento de reforçar sua distinção política, apregoada..

Não deveria, como parece ter feito o partido que a sustentava, preferir se conjugar com algum deles, apenas, para participar de algum governo, ganhar ministério, cargos, ou o escambau..
Bom apenas para o poder..
 
Mas é que não via na Marina ou em seu movimento apenas uma vontade, desejo, de mudanças em relação a programas que são essenciais, SIM, para nossa educação, sustentabilidade, saúde e tantos outras condições básicas de um regime democrático.. Programas que compõem um governo, que deveria estar em contato e em prol dos governados, e não dos governantes..

Tive um sentimento de que havia um desejo de reaproximação e valorização dessa relação, de que nos posicionávamos a favor de uma política diferente.. Uma via que não condissesse com a velha (mas, infelizmente, em vigor) relação de poderes por interesses alheios que não os públicos, com suas mais variadas diferenças e necessidades, mas sim, os particulares, privados..

Respeito o desejo de alguns, e acho legítimo se posicionarem a favor de um ou outro partido, se o intuito for ver algo melhor em curto prazo, nos programas que guiarão nossas vidas..

EU continuarei posicionando-me a favor de uma política mais sadia, justa, honrada, transparente e aberta.. Pois não vejo como mexer tão drasticamente (necessário! na minha opinião) nas partes que compõem o todo, se não entendermos a regência dessas perante o todo.. E das pessoas que nos regem estou FARTO! Não me posicionarei a favor de NENHUM deles..
 
Como devem saber, Marina se posicionou, novamente, contrária a política vigente e se lançou junto a um movimento que, teoricamente, pretende sacudir as estruturas estagnadas para nosso malefício.. dinamizadas a favor da sustentação de um poder simbólico, mas muito poderoso..
 
E apesar de não confiar na história de vida de todas as pessoas envolvidas nesse movimento, seja por desconhecimento ou mesmo por muita informação contraditória, continuo acreditando que ela, e esse movimento, podem representar um dos marcos de nossa política, como quando saímos de uma ditadura militar para uma política fadada ao fisiologismo, na busca de uma democracia plena..
 
Será que um dia teremos essa felicidade jamais alcançada?
 
"falsa democracia"


"Tudo se discute nesse mundo. Menos uma única coisa que não se discute. Não se discute a democracia! A democracia esta aí, como se fosse uma espécie de santa no altar. De quem já não se espera milagres. Mas está aí como uma referência. Uma referência: a Democracia. E não se repara que a democracia em que vivemos é uma democracia sequestrada, condicionada, amputada. Porque o poder do cidadão, o poder de cada um de nós, limita-se, na esfera política, a tirar um governo de que não gosta e a por outro que talvez venha a gostar, nada mais! Mas as grandes decisões são tomadas numa outra esfera! E todos sabemos qual é.."

Essas foram algumas palavras de José Saramago quando discutia a democracia mundial, mas que tomo emprestado para repensarmos nossa realidade..

Será que queremos nos manter afastados das decisões e da esfera que nos direciona?

Será que limitando-nos a discutir sobre tirar ou colocar uma ou outra pessoa, estaremos discutindo nossa democracia, condição sine qua non para melhoras reais, programáticas e estratégicas?

Espero que Marina realmente seja a pessoa que me cativou..
Que além de digna, coerente, transparente, discorde das regras do jogo, posicionando-se a respeito..
E nesse momento, além de estimular que as pessoas votem em qual candidato lhes convir, sem precisar demonstrar sua opinião própria, que mobilize as pessoas a repensarem nossa democracia.. Para demonstrar que mesmo afastadas do jogo sujo da política, podemos nos aproximar de nossas vontades e desejos de melhorias.. Que temos canais, não tão utilizados, e que queremos nos fazer ouvir ao longo dos quatro anos.. Que não precisamos cair no ostracismo e esquecimento até a próxima vez que precisem que escolhamos a próxima pessoa a governar..


Não acho que ela seja a única pessoa na política que seja assim como pintei!.
Mas dentre as que pediam pelo meu voto, infelizmente, me pareceu..
E, portanto, EU anulei meu 2º tuno.. e se precisar, anulo novamente..


Prefiro, EU!!, votar nulo consciente, do que vender minhas posições ideológicas..

Primeiramente, por entender que não nos calaremos por quatro anos por termos nos anulado nesta decisão.. contrário.. podemos mostrar nossa indignação para, espero, podermos cobrar ainda mais de qualquer pessoa que lá estiver.. Afinal, ela governa pra TODOS!!!! E não pra quem lhe preferiu..

Mas, também, por não me acomodar e/ou simpatizar com oportunismos políticos..

Muito já li sobre uma oportunidade de impor uma agenda a favor dos nossos princípios, infelizmente, na maioria das vezes, requisitando cargos, favores, ou qualquer posição política.. Continuo achando um fisiologismo barato.. 
 
"Bem assim.."
 
 
Na época das discussões, até a religião foi citada, na tentativa de me contradizer..
Colocando-me como um covarde que não herdaria o tal reino de Deus..
 
Mas EU prefiro pensar em nossa vida aqui na Terra e as consequências que nossos atos acarretarão aqui, pois aqui EU sei que penarei.. e, assim, busco mensurar as consequências reais (não divinas) dos meus atos.. e para MIM, o voto neutro não é omisso ou conivente.. pelo contrário.. nos deixa na condição de criticar ambas partes abertamente.. pois, reforço, não estamos definindo se nos calaremos pelos anos seguintes ou não.. 
 
Prestei meu voto de insatisfação perante a situação.. e aí continuei minha vida.. cobrando de todos, e não só dos políticos, que nossos atos sejam compreendidos e pensados a partir da realidade palpável.. e não de preconceitos, demagogias políticas, fisiologismos, ou mesmo, convenções divinas..
 
Não sou, apesar de parecer, contrário as religiões.. Acredito que CADA pessoa deva encontrar e acreditar no que lhe conforta e dá sentido a vida..!! No MEU caso, prefiro nos ver sozinhos, "donos" e responsáveis por esse mundão, e por esse Brasilzão.. e sendo assim, pensar dessa forma que coloquei..
 
E não pense, por isso, que não cultivo minha espiritualidade..
 
Mas discutamos o Brasil.. Já perdemos muito com esse fisiologismo!!
 
Na MINHA opinião, já 'esperamos' demais, deixando esses políticos, acordos, alianças, e corja dominar.. e ESSA é hora de fazermos diferente.. não esperarmos mais..
Não esperarmos para mostrar que pra se fazer política não se precisa participar desse jogo..
Mas sim, motivar a sociedade em prol de causas que acreditem!! Não de oportunismo!
 
Devemos ressaltar a importância de se pensar uma nova política, e não em personagens, cargos, favores, amizades, ou seja lá o que, que não os interesses das pessoas deste País.. Que, felizmente, não é feito apenas por pessoas desonestas, desrespeitosas ou omissas perante suas responsabilidades com os ambientes sociais, naturais, culturais, religiosos, políticos (por que não?), ou seja qual for, por quais passar ou transitar pela vida..
 
Sei que essa minha reflexão é fruto de minha movimentação pessoal e, principalmente, pela oportunidade de educação que tive.. e entendo que enquanto não tivermos uma educação de qualidade para todas as pessoas, não será fácil a convocação de participação..
 
Mas tenho plena certeza, também, de que não estou sozinho nesse jogo..
Vamos deixar de, apenas, votar para participar?!
 
Felizmente, estamos num país livre e democrático, portanto:
Bom voto, participação política e felicidades nessa vida!!

Espero não ter lhe ofendida(o).. Abraço!!

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